Dia Internacional da Recordação do Tráfico Negreiro e da sua Abolição

Próximo dia 23, é celebrado o Dia Internacional da Recordação do Tráfico Negreiro e da sua Abolição. Para destacar a importância da preservação dessas memórias recorremos a uma citação famosa de Emília Viotti da Costa que diz: “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.”

Temos como bom exemplo dessa conduta, a política adotada pela Alemanha em favor das vítimas do Holocausto que ao invés de propor a superação de um episódio tão traumático, promoveu e promove a conservação dessas memórias a fim de que ninguém se esqueça os horrores experimentados quando há violação dos direitos humanos e discurso supremacista.

Contudo essa é uma prática que precisa ser expandida e integrada a várias populações, inclusive aqui no Brasil, porque apesar dos diversos marcadores históricos de desigualdade, da herança recente do processo escravagista, dos inúmeros apagamentos históricos e das políticas de eugenia, há quem insista em defender o mito da igualdade racial, que de forma cruel e criminosa tenta minimizar as marcas profundas de mais de 300 anos de exploração de pessoas submetidas à condição de escravidão. Também há quem situe esse episódio horrendo num passado distante, mas vale lembrar que ele está há poucas gerações de nós. Apenas 135 anos nos separam.

Sugerimos o Plano de Aula: A escravidão no Brasil para compreender o contexto da utilização de mão de obra escravizada em nosso país e a música: Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro de Marcelo Yuka e O Rappa, onde há a indigesta constatação das adaptações de violência racial, nos dias atuais.

E por último, mas não menos importante, vale ressaltar que a origem da data está ligada ao aniversário da insurreição, dos homens e mulheres submetidos à escravidão em Saint-Domingue, em 1791, na parte ocidental da ilha de Hispaniola, que, ao proclamar sua independência, recuperou seu nome ameríndio original Haiti.

Estejamos atentos e dispostos a não esquecer que a despeito de toda violência e extermínio, sempre houve resistência e luta por justiça e igualdade.

Revolta dos Búzios

A Conjuração Baiana, também denominada como Revolta dos Búzios ou Revolta dos Alfaiates (uma vez que seus líderes exerciam este ofício), foi um movimento de caráter emancipacionista, ocorrido no século XVIII, na então Capitania da Bahia que diferente da Inconfidência Mineira (1789), se revestiu de caráter popular.

“Animai-vos povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais.”

Os revoltosos pregavam a libertação dos escravizados e a instauração de um governo igualitário, além da instalação de uma República na Bahia e da liberdade de comércio e o aumento dos salários dos soldados. Tais ideias eram divulgadas sobretudo pelos escritos do soldado Luiz Gonzaga das Virgens e panfletos de Cipriano Barata, médico e filósofo.

Agora você pode estar se perguntando qual a relevância desse evento para nossas vidas. Não se preocupe, a gente te conta!

Búzios > 2 de julho > 7 de setembro.

Como bem sinaliza o historiador, comediante e conterrâneo Matheus Buente “A independência do Brasil começou na Bahia! ”.

A revolta dos Búzios resultou em um dos projetos mais radicais do período colonial, propondo idealmente uma nova sociedade igualitária e democrática e apesar de ter sido barbaramente punida pela Coroa de Portugal, deixou profundas marcas na sociedade soteropolitana, a ponto tal que o movimento emancipacionista eclodiu novamente, em 1821, culminando na guerra pela Independência da Bahia, concretizada em 2 de julho de 1823, formando parte da nação que se emancipou no dia 7 de setembro do ano anterior, sob império de D. Pedro I.

Ou seja, além de belíssima, cultural e turística, nossa terra tem contribuições políticas e emancipatórias a nível nacional, mencionada inclusive no Hino Ao 2 de julho: “com tiranos não combinam, brasileiros, brasileiros corações”

  • Texto adaptado do Portal Geledés.

Dia Internacional dos Povos Indígenas

A ONU estabeleceu o dia 9 de agosto como Dia Internacional dos Povos Indígenas.
Com mais de 10 etnias registradas, a Bahia tem segunda maior população recenseada do Brasil, e é o estado brasileiro com a segunda maior população indígena recenseada, conforme foi apurado pelo instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no quarto e último balanço de coleta do Censo 2022, em dezembro do ano passado.

De acordo com a Defensoria Pública da Bahia, pelo menos 14 povos indígenas vivem no estado: Pataxó, Truká, Tuxá, Atikun, Xucuru-Kariri, Pankararé, Tumbalalá, Kantaruré, Kaimbé, Tupinambá, Payayá, Kiriri, Pankaru e Pataxó Hã Hã Hãe.

As populações indígenas do mundo preservaram uma vasta quantidade da história cultural da humanidade, falam uma variedade enorme de línguas e herdaram e passaram adiante um rico conhecimento, formas artísticas e tradições religiosas e culturais.

Aqui no Brasil se concentram principalmente na região norte e possuem uma relação estreita com a preservação da Floresta Amazônica, por vezes defendendo territórios com a própria vida.

Dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010 revelam que aqui se falam 274 línguas indígenas nas 305 etnias mapeadas. Mas em comparação a outros estudos, este se mostra recente e reflete valores quase que simbólicos, já que a população original foi violentamente reduzida.

Ainda sim, esses registros são importantes para quantificar valores e a partir deles pensar e desenvolver políticas públicas para essa população específica. Os dados do Censo podem ser consultados clicando aqui.

O reconhecimento das contribuições indígenas e de seu direito à demarcação de terras, em nosso país, caminha a passos lentos, mas com o engajamento do restante da sociedade civil essa luta pode avançar. Nossa contribuição vem em forma de plano de aula: Os povos Indígenas brasileiros: Ontem e hoje. Compartilhamos esse rico material do Portal Nova Escola para que se possa identificar as diferentes interpretações sobre os povos indígenas após a invasão dos portugueses e seus reflexos para o Brasil de hoje.

Também gostaríamos que conhecessem o trabalho do Instituto Iepé que inclusive, obteve status consultivo especial na Onu e que desenvolve projetos junto aos moradores de mais de 300 comunidades indígenas para o fortalecimento de suas línguas e culturas e para a gestão socioambiental de suas terras em acordo com suas abordagens comunitária e coletivas.

Se você conhece mais organizações que trabalham com a defesa dos direitos dos povos indígenas, compartilhe nos comentários. Precisamos dar voz e favorecer as narrativas a partir do ponto de vista dos protagonistas!

Dia Nacional da Capoeira

Besouro Mangangá (Aílton Carmo) no filme “Besouro”

A Capoeira que é vista nas ruas e ladeiras de Salvador, tem a sua história relacionada à opressão. Essa dança que se mistura com as artes marciais, surgiu com a implantação da escravidão no Brasil , por volta de 1538.

O nome “capoeira” tem origem nos terrenos que tinham seu mato queimado e não apresentam vegetação crescente. Era nesses espaços que as pessoas escravizadas tinham condições favoráveis para praticar e aperfeiçoar suas técnicas.

Os africanos que foram trazidos, preservaram e transmitiram, os costumes, os rituais religiosos e as danças que serviriam como base para a Capoeira como conhecemos. 

A arte foi sendo aprimorada, ganhou movimentos de ginga, saltos e chutes e serviu para defesa pessoal de seus praticantes. Principalmente no momento das fugas, quando precisavam enfrentar os  “capitães-do-mato” – que se apresentavam como obstáculo para a liberdade. O que começou como uma dança comemorativa teve sua eficácia comprovada na forma de vitória em diversas batalhas, seja em relação à opressão social da época ou em Guerras como a do Paraguai.

Atualmente a Capoeira é reconhecida pela lei  12.288 de 2010 como Desporto de Criação Nacional e possui duas variações: A capoeira Angola e a Regional. 

O jogo de capoeira Angola é recheado de sagacidade, mandinga e elegância de movimentos que seguem o ritmo tocado pela orquestra. Um dos mestres mais conhecidos é Vicente Ferreira Pastinha – o Mestre Pastinha. Discípulo do mestre africano Benedito. Pastinha dedicou sua vida aos ensinamentos da capoeira em sua academia no Pelourinho (Centro Esportivo de Capoeira Angola). Além de ensinar ele também se preocupava em desfazer o preconceito em relação a capoeira – herança do período pós-abolição,  onde a capoeira foi proibida e seus praticantes tipificados como desordeiros.

Na década de 30, Manoel dos Reis Machado – o Mestre Bimba – após 14 anos cercado com os ensinamentos da capoeira Angola, decidiu criar a Luta Regional Baiana. Hoje é conhecida como “Capoeira Regional”, uma linha aperfeiçoada da capoeira Angola, com cerca de 52 golpes. Mestre Bimba, através na sua nova linha de ensino da capoeira, incluiu mulheres e posteriormente pessoas brancas e de outras classes sociais. Ele também exigia que os seus capoeiristas estivessem trabalhando ou estudando, e exigiu também que todos jogassem com uniforme branco, como forma de demonstrar higiene, e para diminuir o preconceito e ampliar a divulgação da cultura. 

A Capoeira foi uma das formas que as pessoas escravizadas e seus descendentes, se valeram para afirmar sua identidade e no dia de hoje tem a prática e seus praticantes celebrados. Viva a capoeira e os capoeiristas!

*Texto adaptado do Portal Geledés.

Tia Ciata

Tia Ciata é uma  personalidade histórica com um papel fundamental na difusão do samba, e por isso mesmo eu amo a história da vida dela, uma história que poucas pessoas conhecem!. Há quem diga inclusive que o samba nasceu no Rio de Janeiro, mas é preciso voltar um pouquinho na história para enumerar bem os fatos e entender porque pensam isso…

Ciata nasceu no Recôncavo baiano, na cidade de Santo Amaro da Purificação e desde cedo sempre foi muito ativa nas manifestações culturais e religiosas, sendo  uma das responsáveis pela criação da Confraria da Boa Morte.

Contudo precisou se mudar para o Rio de Janeiro para fugir da perseguição religiosa que tava rolando – ser negro no Brasil nunca foi fácil, mas a gente tá seguindo/vencendo. Ela levou consigo uma filha pequena e o samba-de-roda que estava começando na Bahia.

Chegando lá se casou com um funcionário público, teve mais filhos e aproveitou sua posição na sociedade  para reunir pessoas e celebrar as tradições de origem africana.

Ela oferecia bastante festas para os orixás, preparava muitos quitutes e por isso sua casa estava sempre cheia, seus convidados jogavam capoeira e caiam no samba que a essa altura já havia se integrado à cultura carioca.

Tia Ciata foi uma grande promotora da cultura africana no Rio de Janeiro, inclusive o primeiro samba gravado no Brasil, foi composto em sua casa. Infelizmente ela faleceu antes que o samba fosse legalizado, mas todos os anos é lembrada pela Ala das Baianas, que nasceu também em sua homenagem.

A gente ama tanto a vida e obra de Tia Ciata que destacamos suas contribuições para o movimento negro em nosso livro de colorir – Personalidades Históricas.

Quem ainda não tem um exemplar, precisa garantir o seu!

Além disso, eu queremos indicar aqui esse episódio do Podcast História Preta, que fala mais sobre: o nascimento do samba

13 anos de Estatuto da Igualdade Racial

Recentemente publicamos aqui no Blog um post sobre o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do município de Salvador, se você não viu, clique aqui e confira na íntegra. Vale super a pena, inclusive o pdf  do Estatuto tá disponível para download.

Mas hoje trouxemos para vocês um documento que é anterior ao do município e que foi sancionado em 2010, através da lei 12.288. Dentre as deliberações nele expressas, destacamos os artigos 11 e 22:

Art.11 – Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história geral da África e da história da população negra no Brasil.

Art.22 – A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional.

E como somos defensoras da Educação e apaixonadas pela Capoeira, separamos um plano de aula que contempla as duas temáticas.

Capoeira expressão cultural afro-brasileira, do maravilhoso: Portal Nova Escola.

Agora é só preparar a roda de capoeira e arrasar na aula expositiva!

Viva Nelson Mandela!

O 18 de Julho marca a data do nascimento de Nelson Mandela e foi instituído como Dia do líder sul-africano em Dezembro de 2009 pela Assembleia-Geral da Nações Unidas. A data é comemorada internacionalmente e é conhecida como Mandela Day

Nelson, através de sua militância e influência política se tornou a principal figura da luta contra o apartheid – movimento segregacionista que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1990.

Por participar de manifestações contra o regime e por viajar ilegalmente para o exterior, foi preso em 1962, mas 2 anos depois novas acusações foram feitas, desta vez apontaram traição e sabotagem e sua pena passou para prisão perpétua. Contudo ele foi libertado 27 anos depois graças à pressão internacional.

Mandela viveu e defendeu seus ideais ao custo da própria liberdade e assim que foi solto foi acolhido e celebrado pelo povo que carinhosamente o chamava de Madiba. Foi eleito democraticamente em 1994 e se tornou o primeiro presidente negro da Africa do Sul – até então o país era comandando política e economicamente por brancos.

Em seu mandato, os esforços foram concentrados para desarticular o apartheid, combater o racismo institucionalizado, a pobreza, a desigualdade e promover a reconciliação racial.

Suas contribuições para humanidade lhe renderam diversas honrarias, entre elas o Nobel da Paz em 1993 e sem sombra de dúvidas pode continuar sendo premiado até hoje, já que seus feitos produzem efeitos mesmo depois de sua morte.

Nelson Rolihlahla Mandela, é mais do que um nome é o legado que manteremos vivo e a prova de que com ações concretas alcançaremos a sociedade igualitária que desejamos!

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Dia 25 de julho é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a data relembra o marco internacional de luta e resistência da mulher negra para reafirmar a necessidade de enfrentar o racismo e o sexismo vividos até hoje por mulheres que sofrem com a discriminação racial, social e de gênero.

A nível nacional, essa mesma data marca o Dia de Tereza de Benguela, instituído por meio da Lei nº 12.987/2014, para manter viva a memória de um dos maiores ícone da resistência negra no Brasil.

Tereza foi rainha do Quilombo de Quariterê, localizado no Mato Grosso, no século XVIII, bem no auge da colonização e o liderou como rota de fuga para escravizados africanos, por mais de 20 anos. Lamentavelmente a perdemos de forma brutal.

Em Salvador, desde 2008 essa data é também o Dia Municipal da Mulher Negra.

A Amora acredita e defende a emancipação de mulheres e a construção de suas carreiras tanto na área profissional, acadêmica e/ou familiar da forma mais autônoma possível. Porque assim como Angela Davis, entendemos que “ quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela. ”


E para abordar a temática deste dia tão importante, recomendamos o material riquíssimo do Portal Gênero e Educação: 5 propostas para trabalhar a valorização da mulher negra e a história e cultura afro-brasileira na escola.

03/07 – Dia Nacional Contra a Discriminação Racial

No Dia Nacional Contra a Discriminação Racial, trouxemos conteúdo sobre um dos maiores expoentes nessa luta. Nosso querido e amado Nelson Mandela!

Líder sul-africano internacionalmente conhecido por sua luta em favor da Democracia e dos Direitos Humanos e contra o apartheid e racismo.

Falar de Mandela para as crianças, é mais que importante, é nosso dever ancestral para manter sua memória viva; por isso separamos alguns materiais que podem ser usados em sala de aula (e em casa também) para apresentar as contribuições deste homem tão distinto e revolucionário.

O livro Nelson Mandela faz parte da coleção Black Power e apresenta biografias de personalidades negras que marcaram época e se tornaram inspiração e exemplo para as novas gerações.

No site da Editora Mostarda, você também encontra essa obra em braille e com fonte ampliada. Legal, né?

Agora vamos de Planos de Aula!

Conheça o plano abaixo, pensado para crianças a partir do 6º ano que tem como objetivo mostrar o esporte como forma de união para um país dividido pelo preconceito:

COMO DISCUTIR O RESPEITO À DIVERSIDADE NA PRÁTICA ESPORTIVA COM “INVICTUS”

Trouxemos também plano de aula a seguir, preparado para crianças do 9º ano, cujo objetivo é contextualizar e refletir sobre a política do Apartheid, para compreender os motivos socioculturais por trás do regime de segregação racial na África do Sul:

REGIME DO APARTHEID – DEFINIÇÃO, CONTEXTUALIZAÇÃO E FORMAS DE RESISTÊNCIA

Gostou? Não se beneficie sozinha! Compartilhe com suas amigas profs!

Orgulho das minhas duas mães!

Você sabia que a Amora tem duas mães? Não sabia! Pois agora você vai ficar sabendo! E quem vai te contar essa história é a própria Amora.

No dia do Orgulho LGBT nossa personagem principal veio mostrar que o amor é o pilar para a construção de um núcleo familiar e que é através do nosso exemplo que as crianças orientam seus comportamentos e discursos.

 Assim como a Amora aprendeu com suas mães a gostar de turbante e a respeitar todas as pessoas,  sua criança também pode aprender a conviver com a diversidade a partir do seu exemplo.

Pense nisso!